O CHEIRO DA CASA PATERNA
Lúcia Helena Pereira
Chovia intermitentemente
E o vale engalanado de verde
Parecia sorrir.
A estrada com seu barro se derretendo
Caricaturava a paisagem
Que eu julgava jamais se reconstituir...
Pelos caminhos, animais exilados
Observavam, no olhar sereno, remoendo o capim,
A estrada barrenta...
Meu pai, homem franzino, bem humorado
Dirigia a caminhonete Ford com o cigarro no bico
Sempre alegando: "A estrada escorregadia não oferece perigo"...
E eu observava aquele céu em lágrimas
Num mistério que não sei dizer,
A terra exalando o cheiro forte de suas entranhas.
Os pássaros saiam das árvores esfregando os olhos nas asas,
Quando a chuva diminuía e o sol, oscilando no horizonte,
Acendia esperanças...
Eu me lembrava da casa paterna, sentia seu cheiro
E uma felicidade interior me animava,
Eu era feliz!!!
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