quarta-feira, 26 de março de 2014

O CHEIRO DA CASA PATERNA - LÚCIA HELENA PEREIRA.



O CHEIRO DA CASA PATERNA
Lúcia Helena Pereira 

 Chovia intermitentemente
 E o vale engalanado de verde 
Parecia sorrir.

 A estrada com seu barro se derretendo
Caricaturava a paisagem 
Que eu julgava jamais se reconstituir...

 Pelos caminhos, animais exilados
 Observavam, no olhar sereno, remoendo o capim,
A estrada barrenta... 

 Meu pai, homem franzino, bem humorado
 Dirigia a caminhonete Ford com o cigarro no bico 
Sempre alegando: "A estrada escorregadia não oferece perigo"... 

 E eu observava aquele céu em lágrimas
 Num mistério que não sei dizer, 
A terra exalando o cheiro forte de suas entranhas. 

 Os pássaros saiam das árvores esfregando os olhos nas asas, 
Quando a chuva diminuía e o sol, oscilando no horizonte,
Acendia esperanças...

 Eu me lembrava da casa paterna, sentia seu cheiro
 E uma felicidade interior me animava, 
Eu era feliz!!!

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